Em nosso país, a engenharia clínica introduziu-se pressionada pelo aspecto financeiro, face ao elevado custo de manutenção dos equipamentos e seus acessórios. O descontrole do custo dessa manutenção, a baixa qualidade técnica da mão-de-obra, decorrente da insuficiência de profissionais capacitados, e a falta de uma política clara para o setor, foram os fatores que dificultaram a introdução da engenharia clínica no Brasil.
As primeiras iniciativas de engenharia clínica surgiram em meados dos anos 80, com a chegada ao mercado de profissionais oriundos de centros de formação acadêmica que estabeleceram as primeiras empresas voltadas para essa área, ou que foram contratados por hospitais de visão moderna. Até então, esse mercado era totalmente dominado por empresas de representação técnica que apenas prestavam serviços de manutenção que nem sempre atendiam seus clientes com o esperado padrão de qualidade. Hoje, constatamos que essa situação permanece a mesma.
O problema para superar a grande barreira de se ter um serviço de engenharia clínica está na baixa consciência das contribuições econômico-financeiras que uma gestão de tecnologia apropriada pode trazer ao ambiente hospitalar. Gerenciar esse parque tecnológico em um ambiente atual de intensa competição e regulação, de ampliação dos direitos dos usuários quanto à qualidade dos serviços médicos prestados e de constantes progressos no desenvolvimento de novos equipamentos confere à engenharia clínica uma função absolutamente relevante e estratégica no desempenho global de uma unidade hospitalar.
Por isso, a presença de engenheiros clínicos e profissionais de nível técnico dentro do ambiente hospitalar tornou-se imprescindível, em especial, para acompanhar mais de perto os custos e a qualidade da manutenção dos equipamentos. Uma das soluções encontradas, por algumas instituições hospitalares brasileiras, para implantar esse serviço, foi a contratação de empresas especializadas em engenharia clínica. São empresas especializadas na gestão das tecnologias de saúde, com experiência na elaboração de padrões e fluxos operacionais, de forma a dotar o hospital com as ferramentas necessárias a uma gestão do parque de equipamentos biomédicos, de maneira acessível e transparente para usuários, operadores e gestores. Essas empresas também possuem um corpo de profissionais de nível técnico, com treinamento especializado, o que vem sanar o problema do desconhecimento técnico causado pela rápida evolução tecnológica.
Em síntese, pode-se dizer que o engenheiro clínico é o responsável por GERENCIAR AS TECNOLOGIAS DE SAÚDE durante todo o seu CICLO DE VIDA. Ele deve colaborar com conhecimento técnico e informação para aumentar cada vez mais a intensidade de uso, prolongando ao máximo o tempo de vida útil do equipamento.